Hoje vamos conversar sobre o Controle Integrado de Pragas, e você vai entender por que com ele é possível reduzir em até 90% o uso de inseticidas e raticidas.

Os ambientes hospitalares são sujeitos vários os tipos de contaminação devido ao grande fluxo de pacientes debilitados e ao movimento de funcionários e visitantes pelo estabelecimento.

O fluxo do exterior para o interior do hospital pode ser responsável por trazer e disseminar, através do calçado, superfície corpórea e vestimentas, determinados patógenos, sejam eles parasitas, bactérias ou vírus, os quais podem resultar em infecção hospitalar e atingir os pacientes mais debilitados. Sendo que esta situação pode se agravar havendo vetores indesejáveis, como formigas, moscas, mosquitos e até baratas.

Estes vetores podem entrar atráves de portas, janelas e rede de esgoto, transportando em seu corpo micro-organismos ao se locomoverem pelos ambientes do hospital, facilitando o transporte de bactérias resistentes a drogas.

No passado os principais vetores eram pulgas, piolhos e percevejos, os quais são raros hoje em dia. Porém as formigas que antigamente não era listada como vetor, hoje em dia é um dos principais vetores.

Estudos iniciados na década de 70 em ambientes hospitalares, indicavam a a ocorrência de algumas espécies de formigas que poderiam representar potencial perigo à saúde pela capacidade de atuar como vetores de doenças, principalmente relacionadas a infecções hospitalares. Atualmente os estudos já demonstram que esses insetos transportam microrganismos patogênicos, alguns resistentes a antibióticos representando risco potencial de infecção em hospitais devido à sua grande mobilidade no interior destes ambientes.

Nos vários ambientes hospitalares foi observada a presença das espécies de bactérias Salmonella sp, Staphylococcus aureus, Klebsiella sp e Acinetobacter sp, transportadas por formigas. Tais bactérias são causadoras de salmonelose, gastroenterite e até mesmo pneumonias, infecções no trato urinário, contaminação nos serviços de cuidados intensivos e infecções neonatais.

Controle de Pragas

Para podermos falar sobre controle de pragas em hospitais, precisamos saber o conceito de praga. Por definição, praga “é qualquer organismo vivo que cause algum tipo de transtorno ou prejuízo ao homem, quando ambos compartilham o mesmo espaço”. Sendo assim, uma população de ratos dentro de uma tubulação de esgoto não pode ser considerado uma praga. Pois não está compartilhando nosso ambiente. Inclusive estes animais possuem importante papel no ecossistema urbano, desde que no seu devido lugar.

É preciso ainda diferenciar uma ocorrência episódica de uma infestação. A infestação pode ocorrer quanto o animal encontra as condições perfeitas, a qual chamamos o triângulo da vida, também denominado o “tripé dos A’s”, que compreende: Água, Abrigo e Alimento.

Pragas mais comuns em Hospitais

Entre 1990 a 1995, um estudo realizado na Polônia mostrou que a barata Blatella germanica era o inseto mais comum nas instalações hospitalares, correspondo a 71% dos mesmo. A barata Blatta Orientalis, e uma espécie de formiga Monomorium pharaonis apareceram em 40% e 17% respectivamente. Em 2003 e 2004 os níveis de infestação se demonstraram consideravelmente diminuídos após um controle de pragas intensivo.

No Brasil, dois estudos desenvolvidos relataramo seguinte.

  • No primeiro estudo de 1994 a 1997, 12 hospitais foram monitorados e as formigas correspondiam a 70% das pragas relatadas, sendo seguidas de baratas e mosquitos.
  • Entre 1998 a 2001 observou-se a redução de 20% no número total de indivíduos. Com isso um aumento proporcional de espécies que adentravam o ambiente, como moscas e mosquitos.

Ou seja não eram mais animais instalados no ambiente, e sim intrusos.

Todos os hospitais apresentam ocorrência de formigas, sendo que a Tapinoma melanocephallum e Paratrechina longicornis, foram as espécies mais frequentes. Coincidindo com oito dos hospitais analisados no Estado de São Paulo.

O que mais demonstrou o estudo?

a. Todos os Hospitais visitados apresentaram infestação de formigas. Sempre ocorreram várias espécies, com a predominância de uma delas. O índice de infestação variou de 16 a 61% dos pontos amostrados, atingindo 73% quando ocorreu a explosão populacional de uma das espécies;
b; em um dos Hospitais localizado na região Sudeste, 16,5% das formigas coletadas apresentaram bactérias patogênicas;
c; os berçários e as UTIs foram as alas com maiores índices de infestação;
d; as formigas mais comuns foram duas espécies introduzidas, destacando Tapinoma melanocephalum e Paratrechina longicornis;

Áreas de ocorrência das pragas nos Hopitais:

Dentro do tripé dos A’s as pragas mais comunas, ou seja formigas, ratos e baratas, em geral encontram-se próximos da disponibilidade de alimentos. Locais onde alimentos são manipulados ou estocados.

No caso das formigas, foram encontradas em maior número em UTIs e berçarios, devido a manipulação de soro glicosado e e outros resíduos que caem no ambiente, ou são deixados nos cestos de lixo.

Acompanhantes comunente trazem alimentos para dentro das instalações. E no caso dos berçários é muito comum também que as visitas entreguem vasos de flores para a paciente. Vários são os relatos de colônias de formigas instaladas nestes vasos.

Portanto esta correlação pode ser tênue, e seguem a lógica da perpetuação da espécie. Pragas apenas são oportunistas tentando sobreviver e perpetuar. Tendo alimento, acessoa água e abrigo, isso irá ocorrer.

Qual a maneira correta e eficaz de controlá-las?

O controle integrado de pragas em unidades de saúde é a forma mais moderna e eficaz. Este método identifica as pragas e utiliza elas como marcadores ambientas. Ou seja, de acordo com cada praga, busca-se entender a relação ecológica entre as características biológicas do animal e o ambiente. Conseguindo identificar os fatores determinantes da infestação e corrigindo com um manual de boas práticas (como descrevemos no artigo sobre Manual de Boas Práticas para Restaurantes), a diminuição será natural, por desmontar o “tripe de A’s”.

O controle integrado visa minimizar a utilização de produtos químicos para tal. Sendo responsável por uma diminuição de 80% do volume de inseticidas e até até 95% do uso de raticidas.

Na área de saúde isso é de fundamental importância, pois pacientes idosos e infantes são particularmente sensíveis aos efeitos dos diversos produtos químicos utilizados. Sendo a grande maioria destas instituições.

Quando realmente for necessário a utilização dos mesmo, estes devem ser feitos de maneira criteriosa. Das centenas de produtos vendidos no Brasil, cerca de 30% a 40% possuem em sua fórmula componentes sabidamente cancerígenos, suspeitos de afetar negativamente a reprodução, desenvolvimento e sistema endócrino.

Periodicidade

Assim como um médico faz uma anamnese de um paciente em sua primeira consulta. O estabelecimento deve passar por uma minuciosa inspeção pelo técnico responsável pelo controle de pragas no hospital em questão. Afim de traçar um quadro real, traçar um planejamento de controle integrado, alterar rotinas, estabelecer um manual de boas práticas, assim como o produto ideal para cada caso. Exatamente como na prescrição da medicação de um paciente.

Quanto a periodicidade, o que deve ser feito é uma periodicidade de acompanhamento da situação, plano de monitoramento. Por isso é importante uma empresa séria para este acompanhamento, não apenas reduzir uma infestação quando ocorre. Pois, assim como um paciente, se as causas não forem modificadas o problema se torna crônico. Tratando apenas os sintomas.

Em geral a periodicidade de visitas do técnico deve estar diretamente relacionada ao porte da instituição (número de leitos) e a localização do mesmo. Normalmente as visitas podem ser semanais, quinzenais e até mesmo mensais.

Lembrando que a modificação nas rotinas de trabalho são o principal fator para o sucesso do controle.

Medidas Preventivas

Humano, ambiente e organismo vivo, contribuem da sua maneira para a ocorrência ou não de pragas.
O organismo irá de maneira básica, sempre cumprir seu papel primordial de perpetuação da espécie. O humano irá julgar se a presença do organismo é benéfica ou não. De acordo com o julgamento precisará alterar o ambiente. Este é o pensamento primordial.

Edificações e equipamentos, por seu uso vão indubitavelmente se deteriorando. Para isso a manutenção que inicialmente é preventiva, com o passar do tempo torna-se curativa. Passando para priorização das medidas curativas. Assim, pequenos orifícios no rejunte de um azulejo que soltou e não foi reposto, ou uma pequena trinca escondida, que surgiu em um canto escondido em uma parece podem se tornar um ambiente perfeito para a instalação de uma colônia de formigas (abrigo). Pequenos vazamentos que apenas aumentam a unidade embaixo de um armário podem se tornar ambiente favorável para a instalação de moscas e baratas. Um espaço na parede deixado em uma instalação de um cano, nas tantas reformas que ocorrem com o passar dos anos, podem ser entrada de roedores.

Apesar do regime de limpeza dos hospitais estar bem acima da média para outros ambientes, frações muito pequenas de alimentos podem ser atrativos para o aparecimento de muitas pragas. Assim um farelinho de biscoito ou uma ou duas gotas de soro glicosado, que não comprometem a limpeza, podem servir de alimento para formigas e baratas, apenas para citar um exemplo.

Outro aspecto ambiental a ser considerado diz respeito aos resíduos gerados pela atividade hospitalar. É de conhecimento que uma boa parte dos resíduos urbanos são de natureza orgânica, portanto sujeito ao processo de decomposição. Com isso liberando nutrientes para decompositores e muitas destas espécies decompositoras acabam se tornando pragas.

Portanto o manejo do resíduo orgânico hospitalar irá, em grande parte, determinar o aparecimento ou não de pragas. Por esta razão deve ser considerado tanto no manual de boas práticas quanto no controle integrado. Para o sucesso na prevenção e controle de pragas.

A ANVISA e o Controle de Pragas.
Na Resolução – RDC nº 18, de 29 de fevereiro de 2000, a ANVISA explicita Normas Gerais para o funcionamento de Empresas Especializadas no serviço de controle de pragas urbanas e vetores. Com exigências legais quanto:

  • às instalações das empresas,
  • ao transporte dos produtos,
  • à destinação das embalagens e às rotinas de trabalho,
  • além da obrigatoriedade de um responsável técnico.

Assim uma Empresa Especializada precisa estar de acordo e licenciada junto à Autoridade Sanitária ou Ambiental Competente em nível estadual ou municipal.

Recentemente, a Consulta Pública nº 76, de 23 de dezembro de 2008 colocou em discussão a atualização deste regulamento. Especificamente seu item 4.2 explicita “a prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas somente pode ser exercida por empresa especializada, sendo obrigatória a contratação e/ou licitação específica e independente de outros serviços de quaisquer naturezas”. Entendendo por controle de vetores e pragas urbanas o “conjunto de ações implementadas, visando impedir que vetores e pragas urbanas se instalem ou reproduzam no ambiente. Incluem-se neste conceito os termos “Controle integrado de pragas urbanas” e/ou “Manejo Integrado de pragas urbanas” e denominações semelhantes”.

Um outro aspecto importante diz respeito aos produtos utilizados. Todo raticida ou inseticida precisa obrigatoriamente estar registrado na ANVISA e este registro dentro da validade. Sendo importante a consulta periódica no site da instituição, pois em um levantamento recente de 156 marcas, 11% deles não possuíam registro ou estavam com os mesmos vencidos.

Qual departamento hospitalar é responsável por ativar o controle de praga?
Em um trabalho de 2008, desenvolvido por Ronaldo Facury Brasil, Diretor técnico operacional da PPV Controle de Pragas, foram pesquisadas 61 instituições na grande São Paulo, onde foi perguntado a qual setor cabia o controle de pragas, sendo que 35% deles apontaram que o setor responsável é o de hotelaria hospitalar é quem está a frente da gestão de controle. Também foram citados outros setores como a segurança do trabalho, SND, manutenção, higienização/governança e CCIH. Sendo que a experiencia de Brail mostra que todos os serviços não assistenciais, fornecidos pelos hospitais, estão atualmente sob a responsabilidade do setor Hoteleiro Hospitalar e o controle de pragas é um deles.

Conclusão

Para uma praga se estabelecer em uma instituição, é preciso disponibilidade de abrigo, alimento é água. Vou bater nesta tecla, pois é o ponto principal para a manutenção do ambiente. Assim a importância de um controle integrado com a implantação de um manual de boas práticas irá reduzir de maneira natural a infestação das mesmas.

Caso sua instituição esteja apresentando uma infestação por pragas, entre em contato com a Ricardo Dumont, solicite uma visita para podermos avaliar um plano de ação, assim como os pontos críticos que estão fazendo com que ocorra o incidente.

Lembramos da importância de contratar um plano mensal para vistoria e manutenção. O qual vai além do tratamento curativo.

Estamos zelando pela saúde do seu estabelecimento, para que possa zelar da saúde dos seus clientes.

Referências:
Mariana Monteiro de Castro. Interações Ecológicas e Comportamentais da Assembleia de Formigas em Ambiente Hospitalar. Doutorada em Ecologia do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. 31/10/2013. Depoimento feito ao Biólogo Bruno Corrêa Barbosa.

Campos-Farinha, A.E.C.; Justi-Junior, J.; Bergmann, E.C.; Zorzeon, F.J.; Netto, S.M.R. 1997. Formigas urbanas. Boletim Técnico do Instituto Biológico, 8:5-20.

Fontes:
https://www.infoescola.com/saude/formigas-em-ambiente-hospitalar/
https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/controle-de-pragas-em-ambiente-hospitalar/14509